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Naparamas em Moçambique: Entre o Misticismo, Conflitos e o Papel na Segurança Nacional
Os Naparamas, grupos paramilitares moçambicanos, surgiram na década de 1980, no contexto da Guerra Civil, como uma força comunitária de resistência. Originários da província da Zambézia, esses guerreiros combinavam táticas tradicionais com crenças místicas, acreditando serem imunes a balas. Armados com lanças, arcos e flechas, eles atuavam no combate à insurgência da Renamo, apoiando o governo da Frelimo.
Com o fim da guerra, a presença dos Naparamas diminuiu, mas, nos últimos anos, houve um ressurgimento desses grupos, especialmente no norte do país, em resposta à violência insurgente. Em 2024, sete membros foram mortos em um ataque do Estado Islâmico na aldeia de Natutubo, distrito de Ancuabe, província de Cabo Delgado, onde atuavam na defesa comunitária.
Além do enfrentamento a insurgentes, os Naparamas têm se envolvido em conflitos internos. Em fevereiro de 2024, quatro integrantes do grupo foram presos após agredirem agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), acusados de tentativa de homicídio contra um garimpeiro para roubo de dinheiro e minérios.
Mais recentemente, em fevereiro de 2025, a polícia de Nampula entrou em confronto com cerca de 100 Naparamas que tentavam invadir o posto administrativo de Aube, no distrito de Angoche. A ação resultou em sete feridos. O grupo reivindicava medidas propostas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, relacionadas à contestação dos resultados eleitorais e questões socioeconômicas.
Atualmente, os Naparamas seguem desempenhando um papel controverso na segurança do país, atuando na defesa comunitária contra insurgências, mas também se envolvendo em disputas internas e políticas.